quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Introspecção

Pequeno exercício reflexivo a propósito da morte e do morrer...de como ninguém nos ensina que aprender a viver e aprender a morrer pode ser exactamente a mesma coisa...E que a alegria suscitada pelo nascimento obscurece a sentença de morte que esse acontecimento acaba, também, por ser...
Introspecção

Essa morte de que me falam…não, não me assusta muito…
Assustou-me mais, isso sim, quando percebi que a sentença
Assinaram-na quando nasci, entre os festejos
E as lágrimas de alegria e os abraços efusivos…

Desde aí que tenho vindo a morrer aos poucos…
A cada dia um pouco mais…
E, ganhando esse hábito de morrer diariamente,
Vou deixando de temer viver assim para sempre…
Fevereiro 2007

domingo, 11 de novembro de 2007

Cleo

Porquê esconder os momentos? Porquê ocultar aquilo que tenho como certo, que dá outro sabor às golfadas de ar que, enquanto ser vivo, me vejo obrigado a sorver como se delas dependessem a minha vida? A minha vida biológica sim...Mas sinto-me mais que um mero ser biológico...Especialmente agora...

Cleo

Não tenho voz que mereça
A letra de uma canção,
Mãos que possam erguer
A mais bela obra de arte
E não tenho, tampouco, as pernas
De um estóico peregrino
Ou a leveza de pensamento
Que leve longe o meu sonhar...

Bastaria-me, porém, que esta voz
Fosse aquela que ouvirias,
Que estas mãos fossem
As que tomarias nas tuas,
Que fossem estas pernas o regaço
Onde escolherias repousar,
Que fosse este pensamento o espaço
Que desejarias habitar...

12-11-2007
04:05 (a imaginar a paz do teu dormir...)